PT: A TRAGEDY LONG ANNOUNCED (part 2, final part)

José Renato André Rodrigues* (13/10/2016 article)
*Filosofy professor in Rio de Janeiro State Public Network
Political Secretary of _PCB in the city of Nova Iguaçu-RJ

PART 1 here:
https://peloantimperialismo.wordpress.com/2018/04/12/pt-a-tragedy-long-announced-full-article-under-translation/

“The the 7th congress of the PCB (brazilian communist party), made in november 1982, in the Publishing house Novos Rumos in the Praça (Square) Dom José Gaspar, was invaded by the federal police, the Party and its members and cadres were charged under the fascist National Security Law. Meanwhile, in 1982, the PT members walked freely, using their solidarnosc shirts and speaking nonsense against socialism and the communists.

The so-called «New Trade Unionism», that emerged on the strikes of São Paulo’s ABC (major industrial area), denied all the past that the Communist Party built. Its enemies were not only the Vargas era scabs but mainly the communists. Lula himself declared that the major obstacle for the creation of the Workers Party (PT) was the existance of the PCB, given that at the time PCB was the major political force in the trade unions. With rights and wrongs, since the decade of the 1920s, the communists were the ones presenting a clear program of rupture with the capitalist system. PT, since its birth, always presented a diffuse (abstract) program, it never assumed itself as social-democrat.”

O PT, desde quando se tornou a principal força política no meio sindical e popular, só tem conduzido as massas trabalhadoras ao desarme político e ideológico; ideias como “cidadania” e “colaboração de classe” invadiram o meio sindical hegemonizado pelo PT; surgiram criticando o PCB como velho e terminaram como o que há de pior na traição de classe. Ao chegar ao governo em 2003, os sindicalistas petistas se abrigaram na máquina do Estado burguês, envolvendo-se na corrupção, aceitando fazer o jogo do grande capital, “terminando mais pelego do que os pelegos que diziam combater”, o que acabou respingando em toda a esquerda no Brasil, deixando um deficit organizativo no conjunto da classe trabalhadora brasileira após treze anos de seu governo.

PT, ever since it bebame the major political force in the trade union and pepoples movements, has only driven the working masses to the political and ideological disarmament. Ideas life “citizenship” and “class colaboration” invaded the trade union movement dominated by PT, they started by criticizing PCB as old and ended up as the worst in class betrayal.

Um partido que surgiu como o PT, com tamanha diversidade político-ideológica e regional, ao negar o marxismo como ideologia do proletariado e o leninismo como organização de um partido independente e de classe, só poderia dar nisso que deu. O Partido dos Trabalhadores abriu caminho ao pragmatismo político e possível adaptação à ordem burguesa.

 

O processo de degeneração do Partido dos Trabalhadores não começou com a chegada de Lula à Presidência da República, em 2003. Foi um processo contínuo de acordo com a conjuntura. Essa pluralidade no PT se reflete com a constituição da Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania, que apoiou a candidatura de Lula em 1994 e 1998, pela articulação de empresários através do grupo ETHOS, liderado por Lawrence Pih, um importante empresário formado em Filosofia na University of Massachussetts, nos Estados Unidos. Além da contribuição e aliança com grandes empresários, o PT foi cada vez mais um partido da ordem burguesa, quando começou a ganhar prefeituras pelo país afora com um slogan despolitizado para não afrontar o sistema capitalista, o famoso “o PT faz bem, o PT na prefeitura só é nota cem”!! O Partido dos Trabalhadores nas prefeituras ampliou sua relação com diversos empresários locais e nacionais, viciando dirigentes na convivência promíscua tão comum na sociedade capitalista.

O PT se apresentava como um gerenciador do capitalismo brasileiro. No governo, o PT e seus aliados ditos de esquerda, como o PCdoB, procuravam domesticar as massas trabalhadoras através da cooptação dos movimentos sociais, confirmando uma previsão de Antonio Gramsci, que afirmou que, após 1917, a burguesia criou formas de cooptação das classes subalternas sem precisar dar um tiro sequer, isto é, através da corrupção na máquina partidária e sindical, em que funcionários e militantes vão se adaptando à ordem burguesa. Gramsci apenas aprofunda uma previsão de Lenin, quando o dirigente bolchevique denunciava o perigo da formação da aristocracia sindical e operária criada pelo sistema para amortecer a luta de classes. O Partido dos Trabalhadores aceitou fazer esse jogo quando construiu a governabilidade burguesa.

Nos fóruns internacionais, para agradar a burguesia do Brasil e o imperialismo, o PT aumentou suas críticas às organizações do campo revolucionário, assim como negou a participação das Farc no Fórum de São Paulo, nos anos de 1990. O PT passou a fazer alianças até mesmo com o PSDB e o DEM (antigo PFL), partidos que deram sustentação ao neoliberalismo no tempo de Fernando Henrique. Mesmo após o impeachment de Dilma Rousseff, o PT segue fazendo aliança Brasil afora com os mesmos partidos que votaram pelo afastamento da presidente Dilma, como o PMDB do atual presidente Michel Temer.

Com a Carta aos Brasileiros, em 2002, o PT apenas consolida um longo processo iniciado no fim da década de 1970. O PT se beneficia do processo de abertura promovido pela ditadura empresarial-militar, mantendo o pacto conservador com a burguesia do Brasil e o imperialismo. Assim foi feito nas negociações de bastidores entre Fernando Henrique e Lula, quando negociaram a viagem de Lula aos Estados Unidos após Lula ser eleito presidente do Brasil, em 2002. Nessa negociação, Lula e Fernando Henrique e os organismos internacionais decidiram nomear Henrique Meirelles, “homem de confiança dos grandes bancos nacionais e internacionais”. No plano interno, para garantir a governabilidade burguesa, o PT tratou de ampliar a base parlamentar com os velhos grupos políticos que sempre comandaram o capitalismo brasileiro. Com isso, o governo petista garantiu grandes lucros às grandes empresas através dos financiamentos do BNDES, com as PPP’s, privatizações como as rodadas dos leilões do petróleo, ampliou o agronegócio, enquanto os índios e os quilombolas não tiveram suas terras reconhecidas e nem foi realizada a reforma agrária. Tudo isso foi feito como o aval dos movimentos sociais hegemonizados pelo PT e seus aliados, como o PCdoB, que fizeram o serviço sujo de ser a expressão da ideologia burguesa junto à classe trabalhadora.

Acordos e investimentos foram feitos em Cuba, China, Venezuela e em alguns países da África, pelo interesse exclusivo da burguesia brasileira, interessada em diversificar seus investimentos no exterior. Se o governo do PT tivesse interesse em construir uma alternativa anti-imperialista, teria se incorporado à ALBA, a Alternativa Bolivariana construída pelo presidente Chávez, da Venezuela e aberto o sinal no Brasil para a rede de televisão Telesur. Não teria assinado acordos militares com os Estados Unidos, Israel e Colômbia, não teria aceitado a política imperialista de mandar tropas do Brasil para o Haiti. Foi o próprio Lula quem, em visita à Colômbia, afirmou que a América Latina não precisava mais da espada de Bolívar, e, sim, de mais capital, defendendo, na verdade, a integração entre as burguesias da América Latina.

Podemos dizer que a burguesia brasileira é uma das mais pragmáticas do mundo. Ela é capaz de dizer que o governo do Brasil é contra o bloqueio a Cuba e, ao mesmo tempo, ter acordos com os Estados Unidos; é capaz de dizer que é solidária à causa Palestina, enquanto tem acordos com Israel na área militar e comercial.

A política social promovida pelo governo do PT foi muito rebaixada, não se trabalhou a politização das massas trabalhadoras que passaram a ter até acesso ao consumo. Apenas se criou uma falsa ideia de que se estava constituindo uma nova classe média no Brasil. Foi uma caricatura de uma social-democracia tentando aplicar uma política de bem-estar social em uma época em que os partidos social-democratas estavam totalmente rendidos à política do grande capital, não podendo mais fazer a mediação do conflito capital-trabalho.

No governo, o PT escolheu não afrontar a burguesia de plantão, não tocou nos temas da luta de classes e não fez o enfrentamento à política neoliberal dos governos anteriores, nem procurou engavetar as reformas contra os trabalhadores. E foi no governo Lula/Dilma que se deu prosseguimento às reformas trabalhista, sindical e previdenciária da era Fernando Henrique, do PSDB.

Se, por um lado, o governo petista dava alguns benefícios à população de baixa de renda, do outro lado, dava bilhões às grandes empresas através do apoio do Estado brasileiro.

Para chegar ao poder e garantir a governabilidade do grande capital, o PT não precisou romper com o marxismo, porque o PT não foi nem nunca quis ser um partido socialista ou comunista. Para buscar alianças com a direita, o campo majoritário soube usar sua influência no interior do PT, enquanto alguns grupos ditos da esquerda do PT não romperam e nem saíram desse partido. Esses grupos também estavam viciados nas benesses dos mandatos parlamentares.

Hoje, uma das grandes tarefas das forças políticas anticapitalistas no Brasil é desmascarar as forças políticas reformistas que ainda exercem influência no seio da classe trabalhadora. O Partido dos Trabalhadores cumpriu um desserviço na consciência e na história das lutas dos trabalhadores no Brasil. É hora de se resgatar a identidade de classe, romper com a conciliação e traição de classe promovida pelo petismo e seus aliados nesses treze anos em que estiveram nos governos de ampla coalizão de Lula/Dilma.

O petismo, em seus treze anos de governo, transformou antigos militantes em políticos envolvidos na sujeira comum da tradicional política burguesa, totalmente humilhados e rendidos nas mãos das classes dominantes, implorando participar do clube para o qual não foram convidados. Foram usados e chutados pela burguesia, porque foram os petistas quem de fato escolheram governar para o grande capital. Não dá para passar uma borracha como se nada tivesse acontecido nesses últimos treze anos, como estão querendo fazer os militantes e dirigentes do PT e seus aliados, com o objetivo de neutralizar e hegemonizar os movimentos sociais para tentar barrar a esquerda classista que não conciliou com os treze anos de governo de traição de classe.

Lembrando Caio Prado Junior, não podemos trabalhar com práticas políticas de alianças que levem ao desarme político e ideológico das classes trabalhadoras. Devemos romper com velhas práticas para construir um programa anticapitalista que leve os trabalhadores a se colocar em movimento para manter e ampliar direitos.

Hoje, mais do que nunca, é necessário manter viva a consciência de classe para criar as condições da unidade de todos os trabalhadores para defender seus interesses legítimos. Romper com o reformismo e a conciliação, deixando bem claro que, de um lado, estão as forças do passado, que se aliam com a burguesia, e, de outro lado, as forças políticas com um projeto claro de futuro de transformações radicais da realidade brasileira.

Na composição desse bloco de forças anticapitalistas e anti-imperialistas, não há espaço nem para a conciliação nem para o reformismo. A partir daí poderemos lutar para superar o capitalismo em direção ao socialismo em nosso país.

*Professor de Filosofia da Rede Pública Estadual do Estado do Rio de Janeiro,

Secretário Político do PCB na cidade de Nova Iguaçu-RJ

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